domingo, 9 de fevereiro de 2014

Acne

2013 para mim foi bem decepcionante em alguns aspectos.
Havia uma lista de coisas que eu julgava importante fazer antes de decidir ter filhos, como terminar a faculdade, arrumar um bom emprego, tirar carteira de habilitação, comprar um carro e encontrar uma pessoa perfeita. Essas eram as coisas mais importantes. Conforme as coisas mais importantes foram sendo realizadas eu adicionei à lista algumas coisas um pouco supérfluas, como: fazer depilação definitava e fazer cirurgia refrativa nos olhos.
Em 2013 eu tirei a carteira de habilitação, comecei a pagar um consórcio de um carro, fiz depilação definitiva e a tão sonhada cirurgia refrativa.
Então decidimos que já estávamos preparados para começar a tentar engravidar. Fui na ginecologista e ela me pediu vários exames para ver se estava tudo ok. Receitou o ácido fólico e disse que teria que para com a pílula. Fiz todos os exames e todos deram ok, comecei a tomar o ácido fólico e parei com a pílula. Na verdade eu fiquei usando camisinha por um tempo. E, esse foi um problema.
O primeiro mês foi tranquilo, o ciclo menstrual ficou um pouco desregulado devido aos vários anos tomando o anticoncepcional, mas até aí tudo bem.
No segundo mês o meu rosto começou a ficar lotado de espinhas. No terceiro mês meu rosto estava muito pior do que quando eu era adolescente. Meu pescoço também ficou assim.
Então começou uma infinidade de consultas aos mais diversos médicos: ginecologistas, dermatologistas, endocrinologistas e clinicos. Fiz vários exames de sangue e ultrassonografias dos ovários e da tireoide. Tudo estava ok.
Então uma dermatologista sugeriu que eu tomasse roacutan. Foi uma decisão super complicada. Segundo esta médica, durante o tempo de tratamento com o roacutan eu deveria usar camisinha e tomar anticonpcional, para não engravidar. Isso porque o roacutan pode causar más formações no feto.
O tratamento seria de 8 meses, depois disso eu deveria aguardar por um mês até engravidar. Quando perguntei a ela quanto tempo eu deveria esperar após o tratamento ela até pegou uma calculadora e perguntou o meu peso. Ela explicou que o roacutan fica acumulado no tecido adiposo, então como eu sou magra um mês seria o suficiente.
Meu marido pediu para eu não fazer esse tratamento. Além disse, eu teria que jogar os planos de engravidar para 9 meses a frente.
Marquei uma consulta com outro dermatologista. Quando cheguei no consultório ele me perguntou: "Então, o que está te incomodando?". Como se não fosse óbvio o suficiente. Mas respondi: "Auto-estima."
Na verdade eu já estava me sentindo um montro de feia, no trabalho várias pessoas super discretas fizeram perguntas do tipo: "O que foi que aconteceu com o seu rosto?"
Mas o pior era quando eu estava conversando com alguém e a pesso estava olhando para a minha testa ou o meu queixo.
O segundo dermatologista foi logo receitando um antibiótico. Depois começou a explicar como seria o tratamento com o antibiótico e disse que eu iria fazer também esfoliações químicas. Perguntei se ele não iria me receitar roacutan e ele respondeu que não receita roacutan para mulher adulta. Disse que caso eu tomasse roacutan eu deveria esperar pelo menos 2 anos após o tratamento para tentar engravidar. Fiquei pensando em como me sentiria se minha pele ficasse super perfeita mas eu tivesse um filho com más formações. Definitivamente eu não iria conseguir ser feliz assim.
Nesta altura eu já havia retomado com o anticonpcional. Comecei a fazer as esfoliações químicas e a tomar o antibiótico. Uma vez por semana ele passou um ácido no meu rosto. O antibiótico e o ácido aliviaram muito.
Um ginecologista me receitou cloridrato de metformina. Eu fiquei com medo de tomar esse remédio. Além do mais, eu já havia retomado com a pílula, então era só esperar um pouco que o meu rosto voltaria a ficar bom. Não era necessário tomar mais alguma coisa. Fui ler a bula desse remédio e achei muito estranho. Ele é usado no tratamento de diabetes e redução do colesterol e triglicerídeos. Para ovários policísticos o uso da metformina parece ser benéfico, principalmente se a paciente tiver sobrepeso. Eu não tenho sobrepeso, não tenho ovários policísticos e não estou afim de tomar qualquer coisa usada para tratar problemas que não tenho.
Voltei no dermatologista que estava fazendo as esfoliações químicas e levei a ultrassonografica dos ovários para ele. Levei todos os exames que os outros médicos passaram e perguntei a ele por que eu tinha espinhas. Ele respodeu que é porque ainda estou na puberdade. Certo, eu estava com 28 anos. Não voltei mais nesse médico.
Em um desses consultórios vi que havia uma médica acupunturista. Marquei uma consulta com ela e comecei o tratamento. Foi ótimo, principalmente porque nesta altura de tudo eu já estava super chateada com tudo. Minha auto estima foi para o espaço, estava gastando um monte de dinheiro com o plano de saúde participativo da unimed, não poderia engravidar ainda (eu queria engravidar e me sentir bonita, não um monstro cheio de espinhas).
Também marquei uma consulta com um médico ortomolecular. Isso também foi bom. Fiz o exame mineralograma e ele receitou algumas vitaminas. Ele disse: "Vou colocar um pouco de zinco que também é bom para a pele".
Desta forma eu fiz tanta coisa que não tinha como as espinhas irem embora. O problema é que não sei exatamente o que foi que resolveu.
O fato é que quando eu era adolescente eu havia começado a tomar pílula por conta das espinhas. Não imaginava que após adulta ainda teria espinhas. Foi um choque para mim quando meu rosto começou a ficar assim. Principalmente porque foi logo após a cirurgia dos olhos. Eu queria muito me olhar no espelho e me ver bonita.
Já tem alguns meses que estou fazendo acupuntura semanalmente. Estou gostando muito porque acho que funciona muito bem comigo. Não só pelas espinhas, mas para outras coisas, como ansiedade.
De tudo isso que aconteceu em 2013 eu posso dizer que tem horas que eu preciso acreditar em alguém. Eu queria muito que algum médico me dissesse: "Você tem espinhas por causa disso.", mas que isso não fosse estar na puberdade. Tem coisas que a gente precisa de uma explicação. O que os médicos fizeram foi me jogar de um lado para o outro sem dizer ou fazer algo coerente. Para mim ouvir "Você está na puberdade" ou "Você tem que tomar cloridrato de metformina" foram coisas super absurdas.