segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Acidente de bicicleta


Nunca ter levado um tombo significa ter levado uma vida sem emoção.
Levar tombos sem se machucar gravemente significa ter talento.
Já tem um tempo que decidimos comprar bicicletas e patins para sermos um casal mais saudável. Compramos duas calois xrt e logo começamos a pedalar intensamente todos os domingos de manhã. Ficamos um bom tempo em um ritmo bom e fomos adquirindo muita confiança. Estávamos indo cada vez mais longe e mais rápido. Nada muito absurdo, apenas o suficiente para ir e voltar em uma manhã de domingo, cerca de 30 a 40km.
Até que um dia já tinha percorrido cerca de 12km de distância e estávamos aproximadamente a 25km/h de velocidade quando senti alguma coisa encostando no meu pneu traseiro.
Sério, estávamos no limpo, asfalto perfeito, tempo perfeito, sem carro, sem nada para nos atrapalhar. Nunca imaginei que nossa maior ameaça seria ele. Será que tem coisa que tem que acontecer mesmo?
Então quando parei de cair eu estava sentada no chão olhando para ele que estava de cara no chão. Minha bicicleta estava cerca de 3 metros de distância de mim. A dele estava em cima dele.
Fiquei um tempo respirando e tentando assimilar tudo. Depois me levantei e ele continuou sem se mexer. Depois que comecei a entender que ele não estava bem.
Fui até lá e retirei a bike de cima dele. Coloquei as duas bikes em um canto. Ele continuou sem se mexer mas vi que estava acordado.
Então ele pediu para eu chamar uma ambulância e trancar as bicicletas.
"Como assim???"
Chamei a ambulância mas fiquei desesperada por ele não conseguir sair do meio da estrada.
O pior da história é que não estávamos perto de nada, era uma estrada super deserta em um lugar com várias empresas. Como era domingo, não tinha nada funcionando.
De repente ele fez um esforço e virou o corpo para sair um pouco do meio da rua. Foi quando que vi uma poça de sangue no local abaixo de onde estava a boca e queixo dele, alguns pedaços de dente no meio do sangue, pedacinhos de dente nos lábios dele e o queixo aberto.
Sou meio mole, então deu muita tontura na hora. Fiquei morrendo de medo de ele ter fraturado alguma, costela, sei lá.
Eu nunca tinha chamado uma ambulância antes. Passou um carro no sentido contrário da estrada e logo apareceu um casal de ciclistas. Na verdade um casal de irmãos.
Eles disseram que estavam longe da gente quando passou um carro por eles que parou e perguntaram se havia mais ciclistas com eles porque tinham visto um casal no chão. Eles ficaram com medo de ser uma armação e não tinham parado.
Eles não estavam com mais gente, na verdade nem havíamos cruzado com eles antes. Mas ele decidiram ir até a gente para ajudar. Logo eles chegaram e ficaram lá dando apoio, tentando nos acalmar.
Dois carros pararam perguntando se precisávamos de alguma coisa, mas logo foram embora porque dissêmos que a ambulância já estava a caminho.
E, impressionantemente, a ambulância chegou muito rápido. Eles começaram a atendê-lo e ficaram assustados quando viram que, na verdade, eram duas vítimas.
"Sério, eu estou bem! Vamos levá-lo logo!"
Então tive que assinar um papel dizendo que recusei atendimento. Eu estava suja de terra e com as pernas raladas, só. Nada grave.
E as bicicletas? Coloca no bolso e leva junto para o hospital para poder voltar pedalando para casa depois do atendimento?
Então aconteceu a coisa mais curiosa. O rapaz do casal de ciclistas que ficou alí com a gente até a ambulância chegar vira e fala: "Então, eu tenho uma empresa aqui, se você quiser eu guardo as bicicletas lá para vocês, depois vocês passam aqui para pegar".
Parece pegadinha da vida. Você e seu marido sofrem um acidente no meio do nada, em um local super afastado de tudo mas vocês tem a sorte de cair em frente a uma empresa e o dono dela estar por alí dando sopa para dar uma mãozinha .
Beleza então, anotei os números deles e fomos embora.
No hospital ele foi super bem atendido, fiquei impressionada.
Voltamos para casa e daí vem a segunda parte da história. Estava conversando com uma amiga e contando para ela o que havia acontecido quando ela me disse que um amigo dela estava chegando com uma kombi e que ele poderia ir lá buscar as bikes, se eu quisesse. Até então eu não fazia idéia de como iria buscá-las. Fiquei curiosa com essa segunda coincidência.
Liguei para o número do ciclista e perguntei se ele poderia me receber na sua empresa. Ele disse que tudo bem. Logo a kombi chegou e estávamos indo para lá. Logo chegamos em frente a uma fábrica enorme e o cara estava lá com as duas bikes nos esperando.
Existem pessoas boas, dispostas a ajudar desconhecidos. Tive muita sorte neste dia e dezembro começou com tudo!

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