Promoção do Dário

Hoje o Dário foi promovido. Agora ele vai na cardiologista a cada 4 meses. Ela disse que está ótimo, pediu para voltar em Agosto só para fazer um ecocardiograma.
Esse menino está indo super bem na escolinha. Fica dando gargalhada o tempo todo que fica lá. Está se alimentando super bem. Come direitinho com a colher e toma seu suco ou leite no copinho de treinamento. Estou super feliz.
Parece um sonho.
Vários anos atrás eu tinha uma lista gigante de tudo o que queria fazer para me sentir feliz e realizada. Então eu me imaginava dirigindo meu carro com meu filho no banco traseiro. Eu deixaria ele na escolinha e iria trabalhar.
Porque sempre me imaginei trabalhando. Por isso que na minha lista também estava me formar e conseguir um trabalho legal. Me fixar no mercado de trabalho e ser independente.
Então eu teria alinhado meus dentes, operado meus olhos, feito depilação definitiva, estaria casada em um relacionamento sério e feliz, teria feito algumas aventuras de solteira e estaria preparada para o próximo passo: ter um filho.
Foram 30 anos de preparação. Queria que tudo fosse do jeito que eu tinha imaginado. E eu imaginava cada detalhe. Não desviei um milímetro do que eu precisava fazer para conseguir tudo o que eu havia imaginado.
Essa mania de querer controlar tudo.
Daí o Dário veio e virou tudo do lado do avesso. A maternidade começou com um desafio e tanto. Foram 30 anos me preparando para ter um filho mas não me preparei para ter um filho cardiopata ou fissurado. Ninguém tinha me falado isso.
Foi difícil encarar tudo diante do cenário pessimista que os médicos me deram.
Fiquei anos imaginando aquela Bruna de dentes alinhados, sem óculos de grau, dirigindo seu carro para levar seu filho na escola e depois ir para seu trabalho exercer sua profissão. Um cenário bem comum hoje em dia. De repente eu teria que me adaptar a uma realidade bem diferente.
Atravessamos um ano de grandes desafios com o Dário. De repente ele está liberado para ir para escolinha, para nadar e virar cambalhota. Parece aquele sonho antigo se tornando realidade.
Eu sei que surpresas e imprevistos sempre acontecem. Sempre tem alguma coisa acontecendo. Mas estou otimista demais. Nós já sofremos muito, passamos por muita coisa e nos tornamos mais fortes. Estamos aptos e determinados a continuar lutando por nossa família.
Porque minha família merece o melhor de mim e o melhor de mim não vai ser ficar em casa com o Dário. Eu preciso trabalhar. Se eu não tivesse minha remuneração talvez o Dário não tivesse recebido todo cuidado que recebeu.
Vejo que ele está se divertindo e se desenvolvendo mais na escola. Está se alimentando bem lá!
Nosso relacionamento a partir de agora será qualitativo, não quantitativo. Passaremos menos horas juntos mas essas horas serão inesquecíveis.
Não vejo a hora de ensiná-lo a subir em árvores. Tem umas ávores tão legais aqui em Campinas. Porque a cardiologista disse hoje que ele vai até poder competir as maratonas aquáticas com o Felipe se ele quiser!
O Dário é infinitas vezes mais do que todos os médicos disseram que seria.

Uma semana de escolinha e já voltou para casa se virando sozinho!