sábado, 17 de janeiro de 2015

Tentando assimilar tudo

Ainda é difícil de acreditar que meu bebê tem algum tipo de problema.
Fomos em uma clínica de genética médica e o médico que nos atendeu disse todas as probabilidades de um bebê desenvolver algum tipo de problema. Quando ele olhou o resultado do ultrassom morfológico ele disse que pelas características pode ser síndrome de Edwards ou Patau. Ele fez várias perguntas sobre toda a nossa família e alguns hábitos nossos. Perguntou de remédios que tomamos, das vitaminas que tomei e se há casos de má formações na família.
No final das contas ele pediu para fazermos o cariótipo do líquido amniótico. Ainda não fizemos.
Ele também nos encaminhou para um cardiologista para avaliar se o coração do bebê é "viável".
Caso o bebê não seja "viável" eles vão sugerir que a gestação seja interrompida. Eu não sei se teria coragem de fazer isso. Fiquei pensando em todos os riscos que isso pode trazer. Achei até alguns lugares que associam interrupção de aborto à maior probabilidade de desenvolver câncer de mama. Também dizem que a mulher pode ter dificuldade para engravidar após uma interrupção de gravidez. Além do mais, não sei como eu reagiria após uma aborto. Dizem que algumas mulheres experimentam muitas emoções negativas após um aborto. Acho melhor não arriscar.
A médica disse que gestações assim não evoluem bem. Disse que poucas chegam até o final e o bebê nasce vivo. Eu acho que isso foi a segunda pior coisa que ouvi. A primeira foi a notícia de que o bebê possui problemas, a segunda foi isso, de que ele pode morrer a qualquer momento dentro da minha barriga.
Fico o tempo toda preocupada com ele. Achando que ele parou de mexer. Que estou diferente. Tento não pensar nisso, mas é difícil.
Será que vamos conseguir continuar suportando tudo isso? Fico de olho no Felipe. E ele em mim. Hoje estávamos conversando sobre talvez perdermos o bebê, o que teríamos que fazer. Então comentei que ele terá uma certidão de nascimento e outra de óbito. Ele disse que prefere trocar o nome dele. O nome era para ser Dário, daí ele disse que a gente guarda esse nome para um próximo e coloca nesse outro nome.

Bruna: "Mas você não vai ficar com medo de tentar de novo?"
Felipe: "Não, as chances disso acontecer de novo são mínimas."
Bruna: "E quando você prefere tentar de novo?"
Felipe: "O quanto antes, a gente aproveita que já está no embalo."

Eu acho que ainda vou precisar de um tempo. Tem sido muita coisa para assimilar. Tem que ser uma coisa de cada vez.
Hoje fui nadar para aliviar um pouco. Vou continuar mantendo o ritmo de atividade física para focar em outras coisas e não ficar pensando muito nisso tudo. Se eu penso eu começo a ficar triste e isso pode não ser bom para o bebê.



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