quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O melhor lugar do mundo para se estar é dentro da minha barriga

Ontem foram duas consultas, uma de rotina do pré natal com a médica obstetra e outra com a cardiologista para avaliar se o coração do bebê é "viável", como eles gostam de dizer.
Ainda não tinha ido na obstetra desde que fizemos o morfológico, mas já tinha conversado com ela pelo telefone, então ela já sabia de tudo. Quando fomos entrando na sala ela já foi comentando o fato do bebê ter má formações.
Esses médicos devem ver tanta desgraça que eles são incapazes de falar alguma coisa boa. Ela falou várias coisas que não sabíamos ainda, mas nada de bom e insistiu que as chances de ter morte intra uterina são altas, porque a própria natureza se encarrega impedir que a gestação evolua.
Mas é difícil acreditar nisso vendo o bebê crescendo firme e forte. Ainda mais depois de todos os médicos falarem que ele não está em sofrimento fetal.
A obstetra mediu minha barriga e disse que o bebê está muito grande, então ela pediu o exame de glicemia novamente. Quando a mãe tem glicemia alta o bebê pode crescer demais.
No fundo a preocupação dela não é se tenho glicemia alta ou não. Ela disse que se o bebê morrer com menos de 2kg dá para induzir o parto, acima disso ela não arrisca induzir e faz uma cesárea.
A tarde fui na cardiologista fazer o eco. No laudo a cardiologista colocou uma lista enorme de vários problemas no coração do bebê. Depois ela veio me explicar de uma forma que fosse mais fácil de eu entender: o bebê possui o ventrículo direito subdesenvolvido, tem metade do tamanho do esquerdo. Ele tem as artérias invertidas e um buraco no meio do coração.
Então ela disse que ela precisa da confirmação se tem a trissomia ou não. Se tiver o bebê não é operado, se não tiver pode ser feita a operação, mas seriam várias cirurgias arriscadas e o coração do bebê ficaria cheio de remendos. Ela explicou que mesmo que ele sobreviva às cirurgias ele nunca levaria uma vida normal porque ele sempre iria receber menos oxigênio e iria sentir falta de ar.
Enquanto o bebê está na minha barriga ele está super bem, não está em sofrimento, está crescendo e engordando. Mas a cardiologista não descartou a possibilidade de morte súbita dele. Eu não entendo isso, mas ela me explicou que é possível, porque se ele tiver alguma alteração genética as células dele podem simplesmente parar de se desenvolver e ele morre.
No final ela disse o seguinte: "A natureza é perfeita, mas você tem que entender que, de repente, a missão desse bebê é viver 6 meses na sua barriga".
Eu não vou interromper a gestação. Se o melhor lugar do mundo é minha barriga, deixa ele lá até quando ele quiser. Eu gosto de sentí-lo comigo.

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