segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

CAISM - unicamp

Hoje de manhã fui fazer exame de sangue e já aproveitei para ir no CAISM ver o que falam do meu caso. Fui pedalando mesmo, é aqui perto de casa, são só 4.2 km. Cheguei lá em 28 minutos, fiz o exame de sangue e não desmaiei. Depois fui para o CAIMS.
Cheguei lá e, após passar pela recepção, fiquei aguardando me chamarem. Até que foi rápido, logo me chamaram para ir para a triagem.
Na maior parte do tempo eu tento fingir que não é comigo porque quando não faço isso eu começo a chorar alucinadamente. Certamente isso é muito constrangedor para mim e as pessoas que assistem ficam sem saber como reagir. Talvez a maioria das pessoas até pense que sou muito fria e que não estou nem aí porque a maioria delas me vê quando estou conseguindo fingir que não é comigo.
Eu entrei normal, sentei, a enfermeira se apresentou e depois expliquei o meu caso para ela. Ela pediu para ver o resultado do ultrassom. Ela pegou a pasta e explicou que lá existe uma equipe de genética fetal, que seria interessante eu ir em uma unidade básica (posto) primeiro para que me encaminhassem diretamente para a genética fetal porque indo no CAISM sem encaminhamento eles não poderiam me enviar para lá, tem que ser a partir da unidade básica.
De repente, nós estávamos conversando sobre isso, sobre os procedimentos e tal e eu comecei a chorar. É que é complicado. Quando o médico não é cavalo e já vai soltando um monte de desgraças ele faz cara de piedade e fica com dó de mim e até muda o tom da voz. Nos dois casos eu fico meio péssima. Nesse caso foi a enfermeira que pegou a pasta e soltou um: "Nossa, e você só ficou sabendo disso no morfológico?". Eu tentei segurar mas não deu.
Ela pediu para eu aguardar um pouco e saiu da sala. Depois ela voltou dizendo que, coincidentemente de segunda de manhã é quando a equipe de genética fetal está lá e eles poderiam me atender naquela hora. É claro que é porque eu estava chorando, comecei a me sentir ridícula e foi pior porque comecei a chorar mais. Ela me levou até uma sala e uma médica me atendeu. Mostrei os exames para a médica e ela me levou para conversar com outro médico. Eu deveria ter perguntado o nome desses dois médicos, mas estava tão constrangida e alterada que não pensei muito em nada.
Esse médico pegou meus exames, olhou o morfológico primeiro, depois olhou o ecocardiograma. O olho dele brilhou quando viu o nome da cardiologista que fez o eco, dr. Ana Paula. Ela também trabalha lá no CAISM. Ele perguntou do cariótipo, eu disse que vou fazer nesta quarta pela unimed mesmo. Ele perguntou se era com o dr. Cleber. Eu respondi que não, que é com o Dr. Walter Pinto. Ele recomendou bastante o dr. Walter também e disse que é melhor eu fazer o cariótipo com ele porque é mais rápido que fazer no CAISM. Com o resultado do cariótipo ele pediu para eu voltar lá, passar direto de novo. Tudo isso comigo chorando igual uma criança.
Depois a médica me levou de volta para a sala dela. Ela tentou me acalmar. Explicou sobre o acompanhamento que eles fazem com a gestante nesses casos, acompanhamento psicológico mesmo. Porque podem surgir situações do tipo a gestante nunca mais se sentir segura para engravidar novamente. Isso eu achei interessante, porque até então nenhum médico me sugeriu fazer acompanhamento psicológico. Eu já havia pensado nisso, mesmo antes de descobrir todas essas novidades. Sempre tive medo de depressão pós parto, pior será se eu tiver que lidar com uma depressão pós aborto.
Depois que sai de lá, ainda chorando, fui num lugar que vende pamonha e comi algo. Tinha feito o jejum para o exame de sangue e queria comer algo logo. Peguei uma pamonha e um suco de milho, fiquei lá sentada comendo e pensando em tudo isso. No meu bebê, na minha barriga enorme, em todos os médicos dizendo que ele vai morrer, em todas as coisas que eu comprei para ele, enfim... em tudo.
Quem viu aquilo deve ter pensado o que?
"Ela deve estar chorando porque não sabe quem é o pai do bebê dela."
"Ela deve estar chorando porque o pai não quer assumir a criança."
"Ela deve estar chorando porque é uma gravidez indesejada."
"Ela deve estar chorando porque está se sentindo gorda ou a barriga deve ter enchido de estrias."
"Ela queria pamonha salgada com linguiça e só tem doce com queijo."


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