sábado, 31 de janeiro de 2015

Interromper a gestação?

Como assim, interromper? Isso soa tão absurdo quando os médicos falam. Tudo que eles disseram até agora é tão pesado que eu acho que eles não disseram da forma correta. Não houve nenhum tipo de preparo para dizer essas coisas. É muito pesado falar isso para uma mulher grávida.
E eles conseguem piorar isso cada vez mais.

"Você PODE interromper a gravidez."
"É MELHOR você interromper a gravidez."
"Você TEM que interromper a gravidez."

Quando eles falam isso eu só escuto:

"Você PODE matar seu filho"
MELHOR você matar o seu filho."
"Você TEM que matar o seu filho."

Felizmente ele está dentro da minha barriga e quem decide isso sou eu. Eu decido até mais que o Felipe, porque não é no corpo dele. Em nenhum momento os médicos falaram do risco de se interromper uma gestação e eu sei que existem vários riscos.
Como eles falam isso de algo que está dentro de mim? Do meu filho?
Quando uma pessoa decide engravidar ela assume um risco e um compromisso. Não dá para saber como o bebê será. Eu queria menino e é menino. Eu queria que nascesse em maio, a previsão é de que nasça mesmo. E se fosse uma menina que fosse nascer em fevereiro? Ela iria deixar de ser minha filha por causa disso? Ele deixou de ser meu filho quando eu descobri que ele tem problemas no coração?
Ele ainda é meu filho e ele ainda está vivo. Enquanto isso eu cumpro com meu papel de mãe e cuido dele. Cuido mesmo.
Quando conto isso para as pessoas é comum elas dizerem se interromperiam ou não. O que não é correto é alguém sugerir que eu interrompa. Eu não pedi a opinião de ninguém sobre isso.

"É melhor você interromper porque você está nova e pode tentar de novo. Se ele tem tantos problemas ele será um peso durante toda a sua vida."

O que eu ouvi sobre isso:

"É melhor você matar esse lixo de filho que está na sua barriga porque ele só vai ser um estorvo."

Eu não vou permitir que me falem isso de novo. Muito menos para o Felipe. Porque é mais fácil para ele ir nessa onda de pensamento já que não é no corpo dele e ele não está sentindo que o bebê está aqui, crescendo, mexendo e chutando.
Se o meu bebê não resistir e morrer eu também não vou engravidar logo em seguida. Não é igual um forno que dá para assar um bolo depois do outro. A gestação é muito agressiva para o corpo. Eu sei que os médicos querem que interrompa por causa disso, mas agora eu já estou com a gravidez bem avançada, não vai fazer diferença.
Se eu parir meu bebê e ele morrer vai ser algo bem traumático. Mas pelo menos eu vou saber que eu fiz tudo o que pude por ele. Se eu interromper minha gravidez eu vou ficar o resto da minha vida remoendo isso. Vou ficar pensando: "Será que os médicos estavam mesmo certos?" ou "E se eu tivesse levado a gravidez até o final, o que teria acontecido?". Isso seria muito mais traumático.
Ele é o meu filhotinho. De vez em quando ele me acorda a noite mexendo. É uma delícia. Assim eu sei que ele ainda está aqui comigo e vai continuar até quando ele quiser.



Um comentário:

  1. oi Bruna td bem? achei seu blog sem querer, meu filho tb nasceu com labio leporino, ja tem 12 anos. Ele nasceu na Austria e tb me ofereceram o aborto - eu estava de quase 24 semanas de gestação. Mas lá é permitido por lei... Ele tb tina cardiopatia, atresia de esófago.. hj ele esta ótimo, n tem nenhuma síndrome, pelo q eu saiba, mas tb nunca fui num geneticista. Gostaria de saber mais isso sobre este tipo de interrupcao no Brasil, sou dramaturga e atriz e estou escrevendo uma peça sobre ter um filho fissurado. seu blog tem me inspirado, já q me esqueci de muita coisa do passado. Eu leio e parece q sou eu falando, tim tim por tim tim. Me vem tudo à tona! Lembro de tudo!! Entre em contato por favor. obrigada.

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