Chá de cidreira

O Dário perdeu 15 gramas de ontem para hoje. Será que foi por causa do jejum durante a noite? Talvez.
Nós dois dormimos bem. Fomos dormir por volta de 1 da manhã e só acordamos às 6. Fazia muito tempo que eu não dormia tanto. Isso aconteceu porque não entraram no quarto para colocar as sondas de leite.
O exame estava marcado às 7 da manhã, então fui correndo no lactário. Tirei 240 ml porque não tinha tirado nada no meio da noite. Dormi mesmo.
Voltei e logo estávamos indo para o local em que fariam a angiotomografia. Mas ele estava sem o acesso para receber o contraste. A enfermeira tinha tentado ontem, ela conseguiu pegar uma veia mas perdeu. É difícil pegar veia em bebê, eles sempre se mexem e choram muito, tudo é muito pequeno e delicado e a cardiopatia piora ainda mais as coisas. Além do mais, todas as veias dele já estão muito machucadas devido ao longo tempo que estamos aqui. Estão sempre espetando as veias dele para fazerem exame de sangue.
A enfermeira tentou uma vez ontem e depois achou melhor deixar para fazer o acesso após a sedação do exame.
"Porque quando ele chora as veias somem"
Me pareceu uma boa ideia. Ele já estava super assustado pela tentativa perdida dela.
Fomos, como sempre, de cadeira de rodas. A mãe não pode andar com o bebê no colo para evitar quedas.
Tive que preencher alguns formulários autorizando a realização do exame e dizendo que estava ciente dos riscos. Quando chamaram o Dário para fazer o exame ele estava no meu colo, queito e acordado. Estava observando tudo.
Estavam todos indignados porque tinham mandado ele sem o acesso.
O anestesista ficou me falando que isso não existe porque a anestesia é cardio repressora. Que fica muito mais difícil pegar veia assim. Ele me disse que iam tentar mas não deram garantia de nada.
Ele colocou o Dário para inalar uma fumaça e o Dário apagou. Eles pediram para eu sair da sala. A saturação dele tinha caído para 50 com a sedação.
Fiquei esperando do lado de fora e torcendo para dar tudo certo. Mas todas as pessoas da recepção estavam sussurando a palavra acesso.
"Acesso, acesso, acesso, acesso, acesso e acesso"
Minha cabeça parecia que ia explodir. De repente foi porque tinha tirado o leite e não tinha comido nem bebido nada. Estava com muita fome.
Entrou na sala um enfermeiro "especialista em pegar veias de bebê". Depois saiu uma médica me dizendo que ele era o melhor, tinha tentado 5 vezes e não tinha dado certo. O exame foi cancelado. Ele ficou em jejum e foi sedado e o exame não foi feito.
Ele voltou ainda dormindo e com três furos nos pés e dois nas mãos.
Tivemos que esperar ele acordar para voltarmos para o quarto. O anestesista ficou lá comigo fazendo várias perguntas sobre o Dário.
Esse anestesista tinha um cheiro insuportável de cigarro. Ele estava preocupado em me fazer entender que eles tinham tentado mesmo, que não foi má vontade nem nada. Depois ele ficou falando que para agendar esse exame para o Dário tiveram que reservar uma vaga na UTI também, para o caso de acontecer uma emergência.
Quando voltamos para o quarto nós dois estávamos famintos. Ele recebia sua sonda de leite enquanto eu tomava café. A cabeça estava a ponto de explodir, fui medir a pressão de novo e lá estava ela alta de novo.
Não importa o quanto eu tome o remédio, se o dia for tenso ela vai subir.
Eu ganhei chás de uma enfermeira, pedi água quente na copa e fiz chá de cidreira. Fiz o chá e não vi mais nada. Dormi por uma hora e meia no sofá. Quando acordei a pressão estava 11/7, bem melhor.
Assim permanecemos na indecisão de quando vão operar de novo e se vão operar o coração ou o lábio. Estão estudando o que vão fazer para poder realizar esse exame. Disseram de fazer um acesso central. Isso tem que ser feito num centro cirúrgico. Ainda não deram certeza de nada.
Até agora não vi esse plano do Bradesco recusar nenhum exame. Se fosse a unimed vários procedimentos já teriam ido para auditoria.
"Dário, queria te poupar de tudo isso, mas não dá."