terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aguardando programação cirúrgica


Agora que fizeram a angiotomografia do crânio e do coração eles vão decidir o que vão operar, se vai ser o coração ou a boca.
Pelo menos só dependia desse exame para as coisas caminharem.
A parte do crânio foi solicitada porque a cardiologista acha que ele ficou com alguma seqüela neurológica da primeira cirurgia cardíaca que fez com que ele recusasse as mamadeiras e ficasse irritado.
A parte do coração é para eles terem uma noção mais precisa do tamanho do ventrículo direito dele para corrigirem a transposição das artérias.
Se o tamanho do ventrículo direito for bom podem querer operar o coração de novo para fazer a cirurgia corretiva antes de operar o lábio.
A primeira cirurgia que o Dário fez no coração foi uma cirurgia paliativa. Eles não fizeram a definitiva por conta do tamanho do ventrículo direito. A cirurgia feita se chama Blalock, eles colocaram um tubinho no coração dele criando um fluxo de sangue a mais mandando sangue oxigenado para o corpo. Isso foi feito para melhorar a saturação dele que estava baixa.
Só que com menos de um mês o tubo foi obstruído. A primeira coisa que eu perguntei para a cardiologista foi se obstruiu porque colocaram um tubo mais fino do que deveria. Eles fazem um cálculo da espessura do tubo para cada bebê e o tudo não cresce junto com o corpo. Ela me disse que não e ainda comentou de um caso que o blalock foi obstruído duas vezes.
Depois ela disse que o sangue coagulou e obstruiu o tubo, com isso ela dobrou a dose do clexane. Esse clexane é um anticoagulante. A saturação dele subiu mas o tubo continua fechado. Fizeram um ecocardiograma e viram que o corpo dele desenvolveu vários colaterais, várias veias se expandiram criando blalocks naturais no corpo dele.
Como a saturação dele está boa, na casa dos 80, não quiseram operar o coração rapidamente. E o coração dele está equilibrado do jeito que é.
De sexta até hoje ele perdeu 120 gramas. Começou com os vômitos e depois vieram os jejuns. Agora ele está com menos de 6kg de novo.


Ele está sempre com essa mão na boca e um sorriso no rosto. Preciso comprar algo para ele morder.
Quando o capetinha chega para encher minha cabeça ele fala o seguinte: o Dário não estava com a saturação baixa coisa nenhuma! Ele nem estava cianótico! Eles inventaram isso para ganhar dinheiro com essa cirurgia e todo esse tratamento. Fizeram a cirurgia paliativa para prolongar ainda mais o tratamento e conseguir ainda mais dinheiro desse plano de saúde. Não estão nem aí para o Dário, só querem dinheiro e status, ele vai ficar bem, mas vai ser pelo caminho mais doloroso e sofrido.

Me corta o coração ver tudo isso, ele perdendo peso, essa sonda e cateter nele, o corte no peito, toda medicação que ele toma, todo o tempo que não pude colocá-lo de bruços para ele se exercitar para começar a enganhatinhar. Todo o tempo que está sem sair desse hospital, todos os procedimentos dolorosos e assustadores em cima dele e todos esses médicos revirando ele.
Tenho que focar nas coisas boas e, nessas horas, ter as pessoas certas do meu lado faz toda diferença. Não pode ser uma pessoa deprimente, tem que ser quem tem pulso firme e consegue levantar o astral. Isso é bem complicado porque todo ambiente é muito deprimente. Eu sempre tive medo se ter depressão pós parto mas isso daqui tem sido uma prova de fogo.
Tem muitas pessoas fantásticas e iluminadas que sabem sempre me colocar para cima. Sabem sempre o que dizer ou escrever. A maior parte é escrita mesmo porque quase sempre estou aqui sozinha com o Dário. A vida de todo mundo é tão cheia de compromissos que é quase impossível sair da rotina para fazer uma coisa diferente. Estou com muita saudade de muita gente que nunca mais vi, mas não tem como eu sair daqui. Se eu sair vou ficar maluca de preocupação.
Esse cateter central no Dário facilita muita coisa mas é uma porta aberta para infecção. Além do mais eu fico toda receosa de puxar esse negócio e machucar ele.






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