Saturação baixa

O Dário toma dois antibióticos, um a cada 6 e outro a cada 8 horas. Sempre que vai receber o antibiótico demora em torno de uma hora cada porque ele recebe na veia e o volume é alto para a velocidade que ele é injetado.

Ele fica preso ao aparelho e é a hora que eu não mexo muito no Dário para não dar nenhum tipo de obstrução no aparelho. Qualquer coisa faz esse negócio apitar e é muito chato e estressante o barulho. 

Se ele começa a chorar e se mexer muito eu vou correndo tentar acalmá-lo para não atrasar a aplicação do antibiótico.

Hoje estava amanhecendo quando comecei a perceber uns pontinhos nas vistas.

De repente eu já estava com as vistas super embaçadas e uma dor de cabeça absurda. 

Todos os exames que o cardiologista tinha me pedido por conta da pressão alta estavam marcados para semana passada. Mas a internação repentina do Dário me impediu de fazer tudo.

Como eu vim para São Paulo com a roupa do corpo e fiquei por aqui tive que contar com o Felipe para me trazer tudo, inclusive o remédio da pressão. 

Da primeira vez ele trouxe o remédio errado, da segunda ele esqueceu. Eu poderia ter ido comprar outra caixa mas também não consegui fazer coisa com coisa. 

Foram mais de 10 dias sem o remédio. 

Coloquei o Dário no berço e ele começou a chorar. Deitei no sofá torcendo para ele se acalmar logo. 

"E se eu caio com ele moleque no colo e esse PICC preso na perna e recebendo medicação logo agora?"

Tenho medo de esquecer e puxar o fio preso na veia. Não é bem um fio, é o tubinho que passa a medicação. 

A enfermeira entrou no quarto porque o aparelho começou a apitar e eu perguntei para ela se não tinha como ela ver minha pressão. 

Ela não podia mas disse que ia ver se conseguia um aparelho de adulto. 

Duas horas depois e minha cabeça esteja latejando mas estava enxergando normal. Ela voltou no quarto sem o aparelho e eu expliquei para ela toda a história da pré-eclampsia e do fato de eu ter ficado hipertensa crônica. Daí ela voltou correndo com o aparelho.

"14x9, está alta"

Eu acho que estava bem mais alta antes porque a visão estava ruim. Pena que não deu para ver na hora.

Ela olhou o Dário para eu ir numa farmácia. Comprei 3 caixas e voltei correndo. 

"Calma, respira, você tem que descansar. Você não descansa aqui."

Eu e minha mania de correr. Fui num pé e voltei no outro.

Se eu não melhorar não vou poder cuidar dele, vou ter que chamar outra pessoa. 

Agora até a moça que entra para trazer as refeições pergunta se estou bem. O cuidado aqui é fantástico. Se eu não ficar bem vão me mandar para o P.S.

Ontem a saturação do Dário caiu. Ficou o dia todo na casa dos 70. Elas entram no quarto com frequência para fazer os controles. Olham a temperatura, pressão, frequência cardíaca e saturação. 

Hoje de manhã a médica veio me falar que vão repetir vários exames para investigar o motivo da saturação ter caído. 

"Pode ser anemia, infecção, pressão pulmonar, bla bla bla bla"

A minha cabeça quase explodindo e eu tentando entender tudo. Só sei que hoje o dia será de exames. Já fizeram de sangue e raio x. Ainda vão fazer o eco do coração. 

Pelo menos tiraram o fio de marca passo que estava no peito porque os eletrocardiogramas deram normais. 

Só que eu sei ele fez 3 eletrocardiogramas.

São tantos exames e eles fazem tudo muito rápido. Tenho que ressaltar isso, nesse ponto temos sorte demais de estarmos no beneficência portuguesa de São Paulo e de o plano liberar rápido todos os exames. 

Se for anemia vão fazer uma transfusão nele. 

"Vamos ver se a infecção está controlada."

"Como assim, controlada? Que infecção?"

Daí ela me explicou que os exames de sangue tinham dado alterados embora a cultura da secreção do corte tenha dado sem bactérias. 

"É por isso que ele está tomando antibióticos."

"Ah é??? Não tinham me falado isso."

Ou tinham e eu não lembro?

Só sei que a semana começou a mil por hora.

"Dário, queria fazer algo para resolver tudo isso rápido e te tirar daqui logo."