terça-feira, 12 de maio de 2015

Banco desunamo de leite humano

Acordei às 4 da manhã. Fiquei deitada um pouco curtindo a dor nas mamas. Levantei e fui ordenhar um pouco de leite.
Tomei café da manhã e saí. Tinha que fazer várias coisas e eu queria fazer tudo antes de ir para a maternidade. Fui em uma loja comprar copinhos de auxílio a amamentação, porque os copos que tenho em casa são muito grandes para esterilizar. Tenho que encher uma panela gigante de água e demora muito até começar a ferver. Os copinhos são mais práticos e não ocupam tanto espaço.
Também tinha que comprar as bolsas de gelo e o isopor para levar o leite congelado para a maternidade. Liguei em uma farmácia chamada mafra ontem para perguntar se eles tinham a bolsa de gelo específica que pediram na maternidade e a moça que me atendeu disse que eu podia passar lá que eles tinham sim.
Depois de comprar os copinhos fui até a mafra. Cheguei lá e veio uma moça me atender.
Atendente: "Foi você que me ligou ontem?"
Que sorte. Ela veio com um isopor enorme e duas bolsas enormes de gelo dentro. Falei que não precisava ser tão grande, daí ela veio com um pequeno e duas bolsas pequenas dentro. Parecia o tamanho ideal.
Bruna: "Quanto fica?"
Atendente: "Pode levar, a gente não cobra."
Bruna: "?????"
Depois fui até o consultório da médica só para pegar umas guias para fazer alguns exames que o pessoal do banco de leite pediu.
Cheguei na maternidade às 9 e pouco. Quando entrei na UTI o Felipe estava lá. Pensei que ela ia direto para o trabalho. Fiquei surpresa mas foi bom vê-lo com o Dário.
Quando olhei para o Dário quase caí de costas. Ele estava com os olhos vendados tomando banho de luz, estava com tubinhos de ar nas narinas e com um cateter no braço. O Felipe tinha chegado 15 minutos antes de mim e viu eles colocando tudo essas coisas nele. Disse que ele tinha chorado bastante quando começaram a mexer. Quando cheguei ele estava dormindo e o Felipe com as mãos nele fazendo carinho. Daí eu comecei a chorar.
As moças que ficam na sala não podem dar informações dos bebês, só os médicos. Sempre vejo os médicos no corredor, mas eles dizem tem que esperar os médicos irem na sala para dar informações. 
O Felipe foi para o trabalho e eu fiquei alí até o horário de subir para o banco. Subi correndo, quando cheguei lá ainda faltavam alguns minutos para chamarem. Tinha uma mãe que tinha ido levar leite congelado. Ela ficou tentando conversar comigo mas eu não estava muito afim de conversar.
Ela estava bem brava porque o leite que tinha entregue na quinta feira da semana passada não tinha sido pasteurizado porque não tinha a quantidade suficiente para pasteurização e não tinham dito nada disso para ela. Depois ela me perguntou se estou dando o peito para o meu bebê na UTI.
Bruna: "Meu caso é diferente."
Ela insistiu em continuar conversando então falei que não pude dar o peito ainda porque ele tem a fenda palatina e comecei a chorar de novo.
Essa mãe foi embora e chegou a mãe das gêmeas. Sempre nos encontramos no banco de leite, ela vai todos os dias em todos os horários. Foi a primeira vez que nos vimos sem aquelas roupas toscas para ordenha. Ela ainda brincou que nem dava para nos reconhecermos do jeito normal. Lá dentro temos que usar touca, máscara e um avental com dois buracos na frente para as mamas.
Entramos, nos trocamos e começamos a ordenha. Foi quando ela perguntou de dois frascos de colostro que ela tinha levado congelado, se eles tinham ido para as gêmeas. A enfermeira disse que eles foram descartados.
Ela ficou muito brava. Muito brava mesmo. Começou a chorar e a perguntar o motivo disso. Tinham sido dois frascos que ela tinha tirado com muito sacrifício. A enfermeira disse que tinham alguns pelinhos de pano.
Eu não acreditei nisso. Fiquei pensando que quando um frasco é descartado eles poderiam ligar para a mãe e explicar o motivo para que ela tome mais cuidado com os próximos. Eles falam para pegarmos um paninho limpo para enxugar as mãos e as mamas após lavá-las para a ordenha. Talvez ela tenha usado algum paninho que tenha deixado pelinhos nas mamas.
Bruna: "Mas quando vocês encontram alguma coisa não tem como devolver o frasco para a mãe?"
Enfermeira: "Mas o que ela vai querer fazer com isso?"
Afe, que falta de tato. A mulher lá chorando e a tosca da enfermeira não está nem aí. Ela deveria trabalhar em outro lugar, não com mulheres com estado emocional tão alterado. Eu não iria deixar de dar o meu leite para o Dário só porque tem um fiapinho de fralda nele. E o meu leite não é isso, é "O Meu Leite".
Tirei 60ml de leite e a enfermeira disse que já estava levando para o Dário. Desci correndo também. Ela sabia que agora ele está tomando 20ml a cada 3 horas. Quando cheguei na UTI o leite estava sendo colocado para que ele tomasse, a moça me chamou para segurar.
Enfermeira: "Você trouxe muito leite, não precisava de tanto. Ele só está tomando 20ml."
Bruna: "Mas não dá para deixar para daqui 3 horas o restante?"
Enfermeira: "Não, a gente descarta."
Por que a enfermeira do banco não levou só os 20ml e não deixou 40ml para pasteurizar? Ela sabia que ele só ia tomar 20ml e o resto iriam jogar fora.
É muito triste isso. Não dá vontade de levar mais leite lá. A própria mãe das gêmeas disse que vai continuar ordenhando em casa mas vai deixar lá congelado para quando as meninas forem embora. Ela ficou muito revoltada, tadinha.
Fiquei  com o Dário até encerrar o horário de visitas. Deu para perceber que ele se assusta bastante com os barulhos da sala. Qualquer barulho e ele dava um pulo. Deu vontade de mandar todos calarem a boca, mas elas não paravam de tagarelar. Se ele for igual aos pais ele odeia barulho.
Fui almoçar e minha cabeça já parecia que ia rachar no meio de tanta dor. Voltei para casa e minha pressão estava 18 x 8.
Está ficando complicado. Não sei se era para o remédio já ter ajudado em algo ou se era para eu ficar de repouso mesmo. Talvez eu esteja abusando. Queria ficar lá na UTI para perguntar para o médico o motivo de o Dário estar todo daquele jeito, mas nem deu.
Também não vou conseguir pegá-lo no colo desse jeito. A única coisa que a enfermeira da UTI pode me dizer é que ele teve uma piora ontem.
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas se a pessoa escolhe trabalhar com mães que acabaram de dar a luz e precisam ordenhar leite ela precisa gostar e saber lidar com mães que acabaram de dar a luz e precisam ordenhar leite.


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