Ordenhando leite

No começo era muito engraçado fazer a ordenha. Eu massageava uma mama e começava a ordenhar, não saia nada de leite dela e começara a vazar leite da mama oposta.
Rapidamente eu invertia tudo. Começava a ordenhar a mama oposta mas ela parava de vazar e leite e, advinha? A primeira mama estava jorrando leite fora.
Eu ficava igual barata tonta e ficava uma lambuzeira de leite na minha roupa.
Comecei a pensar em como eu poderia resolver isso.
Então eu comprei os copinhos de auxílio a amamentação para tentar algo.
Peguei dois copos. Segurei um com a mão esquerda e coloquei ele abaixo da mama direita. Peguei o outro copo e apoiei ele no antebraço esquerdo e na mama esquerda.
Com a mão direita comecei a ordenhar a mama direita.
O que aconteceu? Enquanto ordenho a mama direita o frasco da mama esquerda foi ficando cheio. Impressionante. Eu devo ter desperdiçado muito leite antes disso. Depois é só inverter tudo e pronto. Rapidinho eu consigo ordenhar muito leite.
Quando cheguei no banco de leite ontem eu pedi dois copinhos para a moça que me atendeu. Expliquei para ela o que eu ia fazer.
Enfermeira: "Mas você vai conseguir fazer isso?"
Quando ela viu os dois copinhos enchendo de uma vez ela ficou impressionada.
Antes eu sujava tudo lá dentro, vazava muito leite fora. Agora eu não perco nada de leite.
A mãe das gêmeas não apareceu lá ontem, só tinha eu. Fui em dois horários, às 14:00 e às 17:00. Consegui tirar pouco mais de 60ml em cada horário.
Hoje eu fui procurar soutien para colocar e não tinha nada limpo.
Bruna: "Não é possível, eu lavei roupa esses dias mesmo!"
Consciência da Bruna: "Lavou mesmo?"
Estou me perdendo bem em todas as coisas que tenho que fazer. Talvez alguém diga: "Ah, para ela é fácil que não tem o bebê lá com ela, ela nunca vai saber o que é ter o filho acordando a noite toda."
Não é bem assim. Eu levanto a noite toda para ordenhar leite. Eu levanto a noite toda com insônia e fico pensando nele. Eu não dormi nenhuma noite completa.
Nesse tipo de situação devem acontecer várias coisas malucas. Fico pensando em várias coisas que já devem ter acontecido.

Cenário 1: "Eu não pari. Ainda estou grávida."
Daí eu continuo agindo como se ele não tivesse nascido.

Cenário 2: "Por que esses idiotas podem sair daqui com um bebê e eu não? Isso não é justo, olha a cara de idiotas deles! Eles não vão cuidar do bebê melhor do que eu cuidaria."
Então eu pego o bebê deles e fujo da maternidade com ele.

Cenário 3: "Ah, beleza, agora eu vou ficar vários meses de boa, sem ter que trabalhar, sem ter que cuidar daquele guri, vou aproveitar para ir no shopping todos dias e fazer tudo o que não conseguia fazer antes!"
Esqueço que ele existe. Nunca mais apareço na maternidade. Nem lembro mais como é o rosto dele.

Por aí vai. Mas eu prefiro ordenhar leite e ir vê-lo todos os dias. Não consigo não ir lá. Mas eu confesso que é muito ruim ficar o tempo todo cruzando com bebês. Dá uma sensação de vazio imensa.